"Cada libro, cada tomo que ves tiene alma. El alma de quien lo escribió y el alma de quienes lo leyeron y vivieron y soñaron con el (...) Los libros son espejos: sólo se ven en ellos lo que uno ya lleva dentro"

(Carlos Ruiz Zafón, La sombra del viento)

terça-feira, 30 de junho de 2009

Parte de mim

Não me considero compulsiva, mas NÃO SOU sem livros.

Nasci em casa de leitores assíduos e críticos e esperava na biblioteca da escola todos os dias durante 1.30h a kombi (a van de hoje em dia ) que me levaria para casa. Esperava ali porque queria. Gostava do silêncio e da aspiração de saber que ele emanava. Porque tinha a oportunidade de folhear coisas que não tinha em casa ou tempo de me dedicar a coisas que tinha em casa (como a leitura do dicionário), mas que ali pareciam mais gostosas.

Em meus quartos tinha de ter uma estante minha (a despeito das estantes familiares) e quando tive minha casa foi uma das preocupações primordiais. Quando lia um artigo onde aparecia a foto do autor ou do entrevistado e ele estava junto à sua estante, tinha um frisson! Era tudo o que eu queria... os livros perto, colados à imagem...

Essa necessidade de proximidade se expressa na minha quase incapacidade de escrever longe de meus livros. Nas muitas vezes em que escrevi (e que escrevo) preciso VER meus livros. Por vezes é só a lombada, a combinação de cores e tamanhos que desenham na estante, mas preciso olhar pra eles. No meio de um texto, quando escrevia a dissertação ou a tese, por vezes bastava olhá-los para lembrar o que havia dentro ou para sugerirem idéias antes impensadas e m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-a-s.

Não leio antes de dormir e não gosto de ler 'um pouquinho'. Mas SEMPRE tenho livros na mesinha de cabeceira. Preciso OLHAR pra eles. Lembrar do que penso ou sinto quando os leio... Gosto de ler aos borbotões: palavras e idéias desaguando sobre mim sem ter prazo para acabar. Gosto de 'preparar a cena', saber que não serei interrompida e deixar-me invadir pelo gênero escolhido. E, por vezes, no meio da leitura, levanto-me e vou para a estante, para ver outros livros, para conectar-me visualmente a outras lombadas e capas, a outras paginações e folhas que me levaram a sensações ou pensamentos que dialogam com aquele que leio...

ADORO livrarias e ADORO bibliotecas. O clima que inspiram e a potencialidade que emanam. ADORO minha estante: olho pra ela e vejo a mim. Sou através dos livros.

2 comentários:

  1. Entendo a paixão pela sua estante. Sinto algo parecido, e é pela estante que meu quarto é considerado por mim o melhor lugar da casa.
    Agora ela é nova, meu pai que construiu, vai do teto ao chão e eu a amo de paixão. Falta apenas uma poltrona e então será perfeito e eu não sairei mais dele!!! (porque eu não leio na cama...)
    Mas eu sou compulsiva mesmo e pelo menos o amor pelos livros eu passo adiante, basta ler um livro bom que eu fico doidinha para emprestar, recomendar...

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  2. Eu estou me identificando muito com esse amor por livros e a necessidade de escrever cercada por eles.
    Minha estante fica de frente para minha cama, que agora está lotada de livros pois estou estudando, e só consigo estudar cercada por conhecimento, livros são minhas musas inspiradoras!!!

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