"Cada libro, cada tomo que ves tiene alma. El alma de quien lo escribió y el alma de quienes lo leyeron y vivieron y soñaron con el (...) Los libros son espejos: sólo se ven en ellos lo que uno ya lleva dentro"

(Carlos Ruiz Zafón, La sombra del viento)

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Lendo Fernando Pessoa

A amiga Clarissa apresentou o poema que eu, até o semestre passado, não conhecia, mesmo considerando Fernando Pessoa como meu favorito. Anexei um trecho do filme Palavra (en) cantada no qual o poema foi lido por Maria Bethânia, o filme  foi apresentado pelo professor Ilmar. Hoje resolvi compartilhar o poema, descobri que muitos não conhecem e é belíssimo. Postagem em época de provas nunca é muito longa.

Eros e Psiquê
(Fernando Pessoa)

...E assim vêdes, meu Irmão, que as verdades


que vos foram dadas no Grau de Neófito, e
aquelas que vos foram dadas no Grau de Adepto
Menor, são, ainda que opostas, a mesma verdade. 
                    (Do Ritual Do Grau De Mestre Do Átrio

                        Na Ordem Templária De Portugal) 


Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.
Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.
A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.
Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.
Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.
E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,
E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.

--
Eros e Psique recitado
Palavra (En) cantada - Maria Bethânia



segunda-feira, 21 de junho de 2010

"te amo até a lua..." (ida e volta)

Meu pai fez aniversário no início do mês. Como ele não queria grandes supresas e nem queria escolher o presente, eu e minha irmã decidimos que faríamos algo diferente. Eu tenho 22 anos e minha irmã 18, mesmo assim, escolhemos um presente de criança. O livro "Adivinha quanto eu te amo" fala sobre um coelhinho filho que quer mostrar ao coelho pai o quanto o ama. (e tenta de tudo, mas o amor do coelho pai sempre parece maior). Meu pai adorou. Os filhos crescem, mas o amor não envelhece. Felizmente. :)

"depois deitou-se ao lado do filho e  sussurou sorrindo:
te amo até a lua... ida e volta"

domingo, 20 de junho de 2010

You've got a friend in me...


Me senti compelido a escrever, embora não saiba bem o que...
Ontem fui ao cinema fechar um ciclo, acho que podemos dizer assim. Tudo começou há um tempão atrás... honestamente não me lembro bem quanto tempo faz. Eu devia ter 9 ou 10 anos... foi quando minha mãe chegou em casa com o VHS do Toy Story. Eu não tinha visto no cinema. Sei que se transformou rapidamente em um dos meus filmes favoritos, junto com Pateta, o Filme. Gostava de ver aqueles brinquedos andando e falando, cheios de vida, se metendo em enrascadas e, é claro, ficava impressionado com o fato de ser um filme inteiramente feito em computação gráfica, o que não impressiona mais hoje. Assisti várias vezes. Quando o Toy Story 2 chegou ao cinema, eu já estava, digamos, ficando velho para isso e as crianças da minha idade não queriam mais ir ao cinema ver "filmes de criança"... mas eu fui mesmo assim e não me arrependi. Ria muito no cinema. Hoje penso em como o pessoal da Pixar foi genial. Bonecos com vida! É tudo que uma criança quer ver! A amizade foi sempre o tema forte dos filmes... O que quero dizer é que hoje considero que Toy Story foi muito importante para esse meu finalzinho de infância. Por isso, fui ver Toy Story 3 ontem e com companhia muito especial. Esperamos por mais de um ano e resolvemos que tínhamos que assistir juntos. Revimos os dois primeiros em 3D nos cinemas (e eu pude ver o 1 na tela grande) e esperamos... Ontem, ao final do filme, coisa rara de acontecer. Me vi enxugando lágrimas no rosto... e fiquei com vergonha... Imaginem só! Um marmanjo barbado, de 23 anos enxugando lágrimas ao ver Toy Story! Mas então a vergonha passou. Eu olhei em volta e vi várias pessoas da minha idade vendo o final da história que elas viram iniciar quando eram crianças. Aliás, crianças na sala eram poucas, pelo menos em idade. Então pensei... o Andy cresceu e eu também. Isso é fantástico! Como disse, fechei um ciclo... com chave de ouro.

sábado, 19 de junho de 2010

José Saramago (1922 - 2010)

Foto: Sebastião Salgado

Retrato do poeta quando jovem
(José Saramago)
 


Há na memória um rio onde navegam 
Os barcos da infância, em arcadas 
De ramos inquietos que despregam 
Sobre as águas as folhas recurvadas. 

Há um bater de remos compassado 
No silêncio da lisa madrugada, 
Ondas brancas se afastam para o lado 
Com o rumor da seda amarrotada. 

Há um nascer do sol no sítio exacto, 
À hora que mais conta duma vida, 
Um acordar dos olhos e do tacto, 
Um ansiar de sede inextinguida. 

Há um retrato de água e de quebranto 
Que do fundo rompeu desta memória, 
E tudo quanto é rio abre no canto 
Que conta do retrato a velha história. 


(In OS POEMAS POSSÍVEIS, Editorial CAMINHO, Lisboa, 1981. 3ª edição)


--


Poema à boca fechada
(José Saramago)

Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.

Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.

Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.

Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.

Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.


(In OS POEMAS POSSÍVEIS, Editorial CAMINHO, Lisboa, 1981. 3ª edição) 

domingo, 13 de junho de 2010

Poesia na noite fria de um domingo.

Enquanto esquento os pés e fujo da dor de cabeça da sinusite acabo lendo poesia. (quase tão eficaz quanto dipirona)
Luana nos apresentou o poeta, eu o trago novamente para visitar nosso blog.
                                                                                                                                                   
                                                                                                                                                                                                       Foto: Corbis
He Wishes for the Cloths of Heaven
W.B. Yeats


Had I the heavens' embroidered cloths,
Enwrought with golden and silver light,
The blue and the dim and the dark cloths
Of noght and light and the half-light,
I would spread the cloths under your feet
But I, being poor, have only my dreams
I have spread my dreams under your feet
Tread softly because you tread on my dreams.
                                                                                                               

sábado, 12 de junho de 2010

Percy Jackson

E a batalha continua na série "Percy Jackson e os olimpianos" de Rick Riordan. O quarto livro da série, 'A batalha do labirinto', é fantástico. Meu favorito 'so far' ainda é o terceiro, mas o quarto merece destaque. Li em menos de um dia, uma delícia. Agora estou ansiosa pelo último livro da série.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Anna Cunha




Conheci o trabalho da Anna Cunha na Papel Craft graças aos lindos cartões que ela desenha.
Gosto dos traços.
Compartilho três dos meus favoritos (tive que me controlar para colocar só três) e o site da Anna Cunha  que tem um link para o Flickr dela, para que vocês possam ver outros lindos desenhos.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

"Potes de barro queimados no zelo que vão refrescar nossos pés enquanto escalamos"

Meio sol Amarelo, Chimamanda Ngozi Adichie


"Ainda hoje vejo -
seca, esquelética, sob o sol e a poeira dos meses sem chuva -
Lápide sobre os minúsculos escombros da coragem ardente."
(Chinua Achebe, de 'Broto de Manga', em
Christmas in Biafra and Other Poems)

Está é a linda epígrafe do livro. Não falarei do livro como sempre faço. Nem mesmo comentarei sobre minha colossal ignorância que desconhecia por completo tudo relacionado ao período de guerras entre Nigéria e Biafra. Talvez em algum momento eu faça isso, por enquanto estou deixando a narrativa construir morada em mim. Ainda estou escutando o livro falar, como fazem os bons livros mesmo quando a leitura propriamente dita já foi concluída.
Compartilho por fim um poema de Chinua Achebe, escritor nigeriano que eu desconhecia até este momento. 

Butterfly

Speed is violence
Power is violence 
Weight is violence 

The butterly seeks safety in lightness
In weightless, undulating flight

But at a crossroads where mottled light
From trees falls on a brash new highway
Our convergent territories meet

I come power-packed enough for two
And the gentle butterfly offers
Itself in bright yellow sacrifice
Upon my hard silicon shield.

FNLIJ

Salão do Livro para crianças e jovens.

8 - 19 de Junho

Endereço: Av. Barão de Tefé, 75, Saúde, RJ - Tel: (21) 2233-7460/ 2253-8177 – Zona Portuária


Ingresso: R$ 4,00 (gratuidade para maiores de 65 anos, portadores de deficiência, professores da rede municipal e instituições que trabalham com crianças e jovens de comunidades de baixa renda, pré-agendadas com a FNLIJ).


Para saber mais