"A exigência de que Auschwitz não se repita
é a primeira de todas para a educação (...)
Ela foi a barbárie contra a qual se dirige
toda a educação."
(Theodor Adorno, Educação após Auschwitz)

Eu sempre gostei de HQs. É de família, aprendi com meu pai. Mesmo assim, pensei durante muito tempo que quadrinhos era algo que servia-me apenas como divertimento. Quando cheguei ao segundo ano do ensino médio conheci um professor de história que acreditava - e ainda acredita - que nós aprendemos mais e melhor quando nos divertimos. Então, no momento de estudarmos a Segunda Guerra Mundial ele sugeriu um trabalho a partir da leitura de
MAUS, uma história em quadrinhos sobre o holocausto. Art Spiegelman é o único autor de histórias em quadrinhos que foi premiado com o Pulitzer. Seu livro MAUS é o único livro de histórias em quadrinhos que recebeu esse prêmio. Em sua obra ele conta a história de seu pai Vladek e sua mãe Anja, ambos sobreviventes do holocausto. A história é contada segundo a visão do pai, mas Art - ou Artie, como é chamado pelo pai - aparece em muitos momentos que retratam as várias visitas e entrevistas que ele fez com seu pai para desenhar o livro. MAUS é uma história do tipo FORTE - em letras garrafais. Não estamos falando de história em quadrinhos que visa apenas entreter. Chorei lendo na primeira vez, e na segunda, na terceira...
Spiegelman desenhou os judeus como ratos, os alemães são gatos, os polonesês são retratados como porcos - certamente encontramos o elemento risível nas representações - e os americanos são cães. No entanto, vale ressaltar, estamos falando de ratos incrivelmente humanos. Acredito que a representação escolhida permite ao autor criticar, mas, surpreendente, torna o livro ainda mais forte. Emociona-me toda vez que leio. Meu professor tinha razão, a questão do holocausto ficou gravada em mim de tal forma que nenhuma aula - por melhor e mais completa que fosse - jamais poderia alcançar tamanho sucesso. MAUS é um belo livro, um testemunho comovente certamente, mas é também um manifesto contra a barbárie, contra o horror vivido por tantos homens e mulheres que, durante um triste período da história da humanidade, foram reduzidos à condição de ratos.