"Cada libro, cada tomo que ves tiene alma. El alma de quien lo escribió y el alma de quienes lo leyeron y vivieron y soñaron con el (...) Los libros son espejos: sólo se ven en ellos lo que uno ya lleva dentro"

(Carlos Ruiz Zafón, La sombra del viento)

domingo, 24 de outubro de 2010

MAUS


"A exigência de que Auschwitz não se repita
é a primeira de todas para a educação (...)
Ela foi a barbárie contra a qual se dirige
toda a educação."
(Theodor Adorno, Educação após Auschwitz)


Eu sempre gostei de HQs. É de família, aprendi com meu pai. Mesmo assim, pensei durante muito tempo que quadrinhos era algo que servia-me apenas como divertimento. Quando cheguei ao segundo ano do ensino médio conheci um professor de história que acreditava - e ainda acredita - que nós aprendemos mais e melhor quando nos divertimos. Então, no momento de estudarmos a Segunda Guerra Mundial ele sugeriu um trabalho a partir da leitura de MAUS, uma história em quadrinhos sobre o holocausto. Art Spiegelman é o único autor de histórias em quadrinhos que foi premiado com o Pulitzer. Seu livro MAUS é o único livro de histórias em quadrinhos que recebeu esse prêmio. Em sua obra ele conta a história de seu pai Vladek e sua mãe Anja, ambos sobreviventes do holocausto. A história é contada segundo a visão do pai, mas Art - ou Artie, como é chamado pelo pai - aparece em muitos momentos que retratam as várias visitas e entrevistas que ele fez com seu pai para desenhar o livro. MAUS é uma história do tipo FORTE - em letras garrafais. Não estamos falando de história em quadrinhos que visa apenas entreter. Chorei lendo na primeira vez, e na segunda, na terceira...
Spiegelman desenhou os judeus como ratos, os alemães são gatos, os polonesês são retratados como porcos - certamente encontramos o elemento risível nas representações - e os americanos são cães. No entanto, vale ressaltar, estamos falando de ratos incrivelmente humanos. Acredito que a representação escolhida permite ao autor criticar, mas, surpreendente, torna o livro ainda mais forte. Emociona-me toda vez que leio. Meu professor tinha razão, a questão do holocausto ficou gravada em mim de tal forma que nenhuma aula - por melhor e mais completa que fosse -  jamais poderia alcançar tamanho sucesso. MAUS é um belo livro, um testemunho comovente certamente, mas é também um manifesto contra a barbárie, contra o horror vivido por tantos homens e mulheres que, durante um triste período da história da humanidade, foram reduzidos à condição de ratos.

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