"Cada libro, cada tomo que ves tiene alma. El alma de quien lo escribió y el alma de quienes lo leyeron y vivieron y soñaron con el (...) Los libros son espejos: sólo se ven en ellos lo que uno ya lleva dentro"

(Carlos Ruiz Zafón, La sombra del viento)

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Amor a primeira vista?


No primeiro período da faculdade a professora Margarida nos pediu que escrevessemos um texto sobre nossa história de leitura. Eu lembro bem qual foi o primeiro livro que eu li. Foi no C.A. Eu me apaixonei de primeira pelo "Meu Barquinho Amarelo"
Compartilho portanto a minha resposta para a pergunta da Margarida. E devolvo a pergunta, qual o primeiro livro que meus amigos leitores leram? foi amor a primeira vista?
***

Era uma vez o livro, ou vez era de um livro, quem sabe a vez não fosse do livro, mas da menina. A menina que lê e ri, que se delicia com a leitura que talvez nem ela mesma saiba o que significa.
A vez era dela, de pegar uma revistinha em quadrinhos do avarento tio patinhas, era seu momento de olhar as figuras e rir sem entender nada. Ai daquele que ousasse dizer que ela não lia. Somente as mentes viciadas acreditam que só se pode ler de olhos abertos e com uma boa dose de alfabetização. Ler é sentir o coração bater mais forte, é sentir a emoção seja ela alegria, razão ou a própria vida que se entrega como o mais difícil objeto de leitura. Lê-se de olhos abertos ou fechados, e ela lia mesmo sem saber que lia.
Quando aprendeu a decifrar os códigos que faziam dela uma menina alfabetizada, ela subiu em um barco amarelo, entrou com ele no seu livro e foi para o mar de papel navegar entre as letrinhas. “O vento foi o guia. uma beleza, que alegria! Que aventura genial.”
Quando conseguiu entender, começou a viajar. Foi quando conheceu o sítio. Amou tia Anastácia e dona Benta. Correu com Pedrinho em suas caçadas, brincou com Emília e Narizinho. Foi a um reino encantado e viu quando Emília desembestou a falar como uma matraca motorizada. Subiu em pés de jabuticaba, conversou com visconde de sabugosa e descobriu que o mundo ia muito além do que as letrinhas que acabara de descobrir. Foi quando entendeu que esse tal de Lobato tinha um jeito especial de nos fazer ler o mundo. Era uma vez a menina, ou vez era da menina de ler o mundo, com as mãos, com os olhos, com os pés. De ler nos livros, nas músicas ou nas estradas. Vez era da menina de saber e entender que a vida é a melhor leitura, mas somente se saboreamos cada palavra, cada vírgula. Cada nota, cifra ou tom. Cada pedra, desvio ou curva. Cada Lágrima, riso ou abraço. E a menina de braços abertos continua navegando em barcos amarelos, foi amor a primeira vista, e amor verdadeiro dura uma vida inteira.

Um comentário:

  1. Agnes, eu também passei por essa experiência com a professora Margarida! Ah, muito boa essa nostalgia...
    Então, minha mami lia para mim quando era pequenina e eu sempre a obrigava a ler dois livros, que eram meus prediletos: "O caso da borboleta Atíria" e "'E proibido chorar".
    Adivinha quais livros eu fui procurar quando aprendi a ler?
    Os meus dois companheiros, é claro!
    Depois posto sobre eles!

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