"Cada libro, cada tomo que ves tiene alma. El alma de quien lo escribió y el alma de quienes lo leyeron y vivieron y soñaron con el (...) Los libros son espejos: sólo se ven en ellos lo que uno ya lleva dentro"

(Carlos Ruiz Zafón, La sombra del viento)

sábado, 8 de maio de 2010

Cheiro de velho, gosto de novo

Recentemente fui acusada de gastar muito dinheiro com livros. Existe verdade nesta afirmação. Acho que eu sou meio viciada em livros. E o que é pior, tenho o péssimo costume de ler os livros que compro. 
Hoje, eu voltava da UERJ depois de um seminário e ao chegar na praça Saens Peña eu escolhi voltar a pé e guardar o dinheiro que eu poderia usar para pegar outra condução até mais perto de casa. O dinheiro não ficou muito tempo na minha carteira. Entrei em um sebo no caminho de casa, contei o dinheiro, comprei um livro de poesia. Estava há muito tempo querendo voltar a ler Cecília Meireles, mas a necessidade de priorizar outros livros não havia me permitido ainda entrar em uma livraria e sair com alguma obra dela. Já explicitei em outro momento que ela é uma das minhas favoritas. 
Comecei a ler meu velho livro novo. Resolvi compartilhar um dos poemas. 
Pensei na Eunícia quando li este, e na compulsão que ela diz ter por palavras. 


Vôo


A Darcy Damasceno


Alheias e nossas
as palavras voam.
Bando de borboletas multicores,
as palavras voam.
Bando azul de andorinhas,
bando de gaivotas brancas.
as palavras voam.
Voam as palavras
como águias imensas
Como escuros morcegos
como negros abutres,
as palavras voam.

Oh! alto e baixo
em circulos e retas
acima de nós, em redor de nós
as palavras voam

E às vezes pousam

Cecília Meireles 


(MEIRELES, Cecília. "Vôo" In: poesias completas de cecília meireles. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979. )

Um comentário:

  1. Lindas PALAVRAS....
    Obrigado pela lembrança, mas sobretudo, obrigado por compartilhar palavras.
    Um beijo

    ResponderExcluir