"Cada libro, cada tomo que ves tiene alma. El alma de quien lo escribió y el alma de quienes lo leyeron y vivieron y soñaron con el (...) Los libros son espejos: sólo se ven en ellos lo que uno ya lleva dentro"

(Carlos Ruiz Zafón, La sombra del viento)

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Fados: Uma viagem musical.


Em algum momento desse ano eu descobri a música portuguesa. Acredito que de certa forma, foi o início da minha caminhada de volta ao meu passado, ao meu avô e a Portugal. Antes do livro de Torga, antes da escolha por literatura portuguesa, antes de buscar em mim o amor por Portugal.
Através da Eunícia, de forma indireta eu conheci Madredeus e a partir desse encontro maravilhoso ela indicou Dulce Pontes. Com essas duas referências fui a vida, ainda que timidamente, e busquei mais das sonoridades e poesias portuguesas.
No início da semana professora Selma e professor Ilmar me pararam no corredor para indicar um filme, Fados. O filme é um documentário musical do espanho Carlos Saura. Coloco a palavra documentário apenas por ser o que a crítica diz. O filme tem apenas dois parágrafos de explicação falando brevemente sobre o fado. O restante do longa é apenas músicas, fados, revisistados pelos mais diversos intérpretes, ritmos e instrumentos. Não se fala nada entre as músicas, como se elas fossem eloquentes o sufiente, e são.
Nada precisa ser dito. A poesia e a sonoridade não precisam ser explicadas ou entendidas, basta ouví-las e sentí-las para ver como podem se tornar parte de nós mesmos.
Fui profundamente tocada pelo filme. Em alguns momentos fechei os olhos para sentir como cada um dos instrumentos e das belas vozes conseguia alcançar-me de forma diversa e especial.
Chorei timidamente emocionada com a beleza da música, da poesia e da vida. Ri também em trechos divertidos dos fados. Devo por fim admitir que o filme contém alguns dos mais belos números que dança que já vi.
Descobri hoje que realmente detesto ir ao cinema sozinha. Porém, foi bom continuar meu trajeto de descoberta de um passado amado. E de certa forma, caminho de descobrimento é sempre um pouco solitário, mesmo tendo companhia no assento ao lado.
Se gostam de música portuguesa pelo menos um pouco, aconselho que assistam. Foi o melhor documentário musical que vi em muitos anos. Tudo contribui para a poesia e o lirismo. As danças, as vestimentas, as cores, as interpretações, enfim, tudo. São belas leituras dos diversos tipos de Fados que existem segundo Saura. Além disso, eu vi junções peculiares de instrumentos musicais, e isso funcionou de forma significativa. Sax com harpa, guitarra elétrica com Cajon, violinos e arcodeon, etc.
Por fim, voltei para casa ouvindo Madredeus e Dulce Pontes. Não queria que o stress do metrô destruisse a magia dos Fados que ecoavam ainda nos meus ouvidos, na minha mente e que nesse momento ainda ouço em minha alma.

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Para assistir alguns trechos do filme clique aqui

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