"Cada libro, cada tomo que ves tiene alma. El alma de quien lo escribió y el alma de quienes lo leyeron y vivieron y soñaron con el (...) Los libros son espejos: sólo se ven en ellos lo que uno ya lleva dentro"

(Carlos Ruiz Zafón, La sombra del viento)

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Rápido demais

Dia desses um professor nos devolveu as primeiras provas do semestre e fez alguns comentários sobre elas. Um deles foi referente à escrita dos alunos. Na verdade, foi uma reclamação sobre como alguns alunos - na universidade - ainda apresentam sérios problemas de escrita, principalmente concordância, coerência, coesão e pontuação.
Deixando isto de lado, escrevo porque esta crítica do professor me fez lembrar dos meus primeiros dias de leitura. Considero que tive certa facilidade no aprendizado de leitura e escrita, embora fosse muito novo e tenha poucas lembranças. Gosto de dizer que aprendi a ler em uma escola municipal - tão abandonadas e desacreditadas - onde fiz a Classe de Alfabetização (o antigo CA), no ano de 1994. Lembro do Fusca "Café com leite" do meu avô à porta da escola, na hora da saída. Eu gostava de ler, embora, quando criança, sempre achasse que houvesse outras coisas mais interessantes para fazer. Não fui uma criança leitora. Meus pais nunca leram para mim na hora de dormir. Morávamos em um bairro longínquo na zona oeste da cidade e a livraria mais próxima ficava a algumas horas de ônibus ou de carro dali. A primeira vez que vi uma livraria foi depois que nos mudamos para a zona sul, em 2003. O interesse por leitura só cresceu mesmo no final da adolescência e com a universidade.
Mas, voltando à leitura na infância, o que realmente estava lembrando e queria escrever aqui, foi quando na 1ª ou 2ª séries (hoje 2º ou 3º anos, se não me engano), a professora separou um dia no qual chamava cada aluno à sua mesa para que lessem em voz alta para ela. Certamente uma forma de avaliar a capacidade de compreensão e o desenvolvimento da leitura de seus alunos. Quando chegou minha vez, fui todo confiante. Eu achava que lia bem. Queria impressionar a professora. Não lembro mais o que li, mas li. Terminei triunfante. O comentário dela? "Você está lendo rápido demais." Só. Frustrante. O que aquilo queria dizer? Eu não sabia. Eu não entendi e não perguntei a ela, é claro. Vocês me conhecem. Voltei, meio decepcionado, confesso, para o meu lugar. Hoje acredito que o significado do "Você está lendo rápido demais" fosse "Você lê sem atentar para a pontuação." Apenas um pouco mal explicado, não?
Há pouco tempo contei esta história para minha mãe, professora que sempre trabalhou com alfabetização. Ela soltou uma gargalhada e ficamos tentando entender o que "ler rápido demais" significa. Chegamos à conclusão acima. É um acontecimento que acho divertido da minha infância e da minha história com a leitura. A crítica feita à turma pelo professor da universidade me fez lembrar disso. Quis compartilhar. :D

2 comentários:

  1. Amei ler DEVAGAR sua experiência. Sim, para além da pontuação do texto, Felipe, você aprendeu a 'pontuar' - fazer-se entender - muito bem! O tempo e o espaço nos permitem perspectivas. Você não é mais o menino que voltou ao lugar e certamente não será alguém que dirá "Você leu rápido demais".
    :)

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