
Morte de Tinta surpreende. Primeiro por sua densidade e complexidade apesar de ser catalogado como livro infanto-juvenil, depois pelas escolhas estilísticas da autora, pela criatividade e sensibilidade que uma história de fantasia necessita e que são especialmente exploradas neste último volume da série, e enfim, pelo sentimento de continuidade que a obra deixa em seu leitor. A trilogia como um todo é fantástica, a autora dá pequenos mergulhos nas almas dos personagens, permitindo-nos ter um vislumbre da complexidade que cada um deles carrega. Não conhecemos inteiramente cada um deles, eles nos surpreendem, mesmo em um livro final onde as ações poderiam já ser previsíveis. Personagens antes odiados se tornam apaixonantes - e outros que eu amava passei a odiar -, Cornelia Funke conseguiu reter nas letras a ambiguidade que vivenciamos no mundo, conseguiu traduzir as decepções de corações jovens e a beleza de amores antigos.
O livro é fantástico, fecha de forma brilhante a aventura do primeiro e deixa-me como um gostinho de quero mais na boca.